sábado, 27 de novembro de 2010

Elton John no Brasil em 1978



JORNAL O DIA FEVEREIRO 1978
Com menos 10 centímetros de altura que o pedido, mas louro, bonito, jovem e "disponível por 24 horas por dia", o guarda costas contratado pela ODEON para acompanhar o músico Elton John não conseguiu sozinho conter cerca de cem fãs que foram recepcioná-lo ontem no aeroporto internacional do Rio. Aos gritos os fãs, na maioria meninas de 16 e 17 anos que traziam discos na esperança de serem autografados saíram frustrados, pois nem sequer conseguiram ver direito o rosto de seu ídolo do rock.

De brinco de brilhante na orelha direita, boné, óculos dessa vez discretos, camisa de fecho-eclair transversal, calça de malha preta e botas de verniz azul-marinho, Elton John teve que sair da alfândega cercado por seis policiais e vários seguranças que foram protegê-lo dos abraços das meninas. Estas, no jogo do empurra-empurra levaram e deram várias cotoveladas e esbarrões. Ao entrar no Galaxie marrom que o levou para o Hotel LEME PALACE, Elton recebeu, em vez de gritos e suspiros, uma grande vaia.

DESCANSAR

Elton John, que na verdade se chama Reginald Kenneth Dwight, 30 anos, segundo ele veio ao Rio para passar 10 dias, com dez pessoas integrantes de sua gravadora a Rocket Records. Vindo de Paris, pelo Concorde às 16h10min Elton não imaginava que iria encontrar fãs no aeroporto, pensando que ninguém sabia de sua chegada, segundo informou representante de sua gravadora.

A Odeon, que representa a A.M. Records americana, gravadora de Elton John, decorou a suíte presidencial do Hotel Leme Palace com flores e frutas tropicais e escreveu com 20 discos, nas duas camas de solteiro no quarto suíte as iniciais do cantor. Além disso, instalou um equipamento de som e discos de cantores brasileiros, a pedido de Elton, que disse estar muito interessado em conhecer a música brasileira.

UMA VISITA

Peter Frampton, que desmarcou a entrevista que ia dar a imprensa, alegando estar "doente de calor", na verdade um simples resfriado, apareceu no hotel às 18hs para visitar seu amigo musico.

Elton John, cujo sucesso mais recente no Brasil foi o compacto "Don´t Go Breaking My Hearth" - vendeu em 1977 cerca de 500 mil cópias - anunciou em Londres que não iria mais se apresentar em shows.Já não grava a 01 ano e revelou que agora iria se dedicar ao futebol, esporte que gosta a muito tempo, sendo inclusive presidente de um clube na Inglaterra.

Com vários convites para coquetéis e jantares, além de ter em mãos todos os ingressos dos bailes do carnaval carioca, Elton mandou informar que só tem certeza de comparecer ao desfile das grandes escolas de samba "O resto vai depender de como eu estiver no dia". Ele mandou desmentir a noticia dada nos jornais de que iria comparecer vestido de baiana ao Baile dos Enxutos, no Teatro São José, amanhã.

COMPOSITOR

Chega hoje ao Rio o compositor norte americano Mitch Leigh, que fez "O HOMEM DE LA MANCHA" e atualmente está terminando a montagem de uma comédia musical baseada no romance brasileiro "Dona Flor e seus dois Maridos". A peça vai estrear na Broadway, em data ainda não determinada, e seus coreógrafos também virão ao Brasil para passar o carnaval na Bahia e, assim, "sentir melhor o ambiente".
Já estão no Rio para o carnaval os artistas Rod Stewart, Peter Frampton, Alain Delon, Elton John, Peter Allen e o produtor de cinema Robert Stigwood, de "Jesus Cristo Superstar" Além deles, está prevista também a chegada do cantor Neil Sedaka.

Só quem atende ao telefone da suíte do Leme Palace Hotel, em que Elton John está hospedado é o guarda costas, Alex, que acompanha o músico 24 horas do dia. Ele lamenta não poder satisfazer o repórter, que pede para conversar com elton John, e explica:
"Não é que ele não queira dar entrevistas, mas Elton John me pediu muito para não ser incomodado".

Parece que o músico veio mesmo ao Rio para descansar, como anunciou. Ontem ele foi dormir às 2hs, depois de jantar no restaurante Maria Teresa Weiss. Acordou às 13hs, pediu café da manhã e saiu para a praia de São Conrado, retornando às 16hs para dormir no hotel. Ele recusou o convite feito pela Odeon para passear de barco na Bahia de Guanabara e não quis ir à DUCHA FRIA, um grito de carnaval promovido por Carlos Niemeyer, nos jardins do clube Marimbas.

Antonio Ducan, gerente internacional da Odeon, disse que Elton John estava muito cansado, pois gravara dois dias seguidos, sem dormir e depois viera para o Rio. Para hoje estão novamente anunciados sua presença em um evento: o coquetel oferecido por Alfredo Machado. Mas Alex, a postos na suíte, cuja diária é de Cr$ 2.995,00 não quis confirmar se o musico vai ou não na festa. Limitou-se a dizer que ele estava muito cansado.





Elton John, depois de barrado na porta do Copacabana Palace foi para o Baile do Pão de Açúcar, Concha Verde.

Irritadíssimo disse que nunca mais voltaria ao Brasil.

Elton foi influeciado pelos discos de bossa nova e pela MPB. Seu álbum A SINGLE MAN teve reflexo dessa viagem pelo estilo de canções como SHOOTING STAR.









TRECHO DE RECORTE, SEM FOTOS: 

Deve pertencer ao Copacabana Palace o recorde brasileiro de expulsão de artistas estrangeiros.

Depois do episódio com Rod Stewart, posto pelo hotel para o olho da rua, em seguida a uma movimentada festa, a vez foi de Elton John.

O artista à frente de uma entourage náutica, todos vestidos de marinheiro, passou pela pérgola do Copa para uma cerveja antes do baile da Concha Verde. Antes que fosse feito o pedido, o grupo foi rechaçado e expulso do local pelo garçom sob a alegação de que marinheiros não eram bem vistos pela direção da casa.

Não adiantou explicar que se tratava de fantasia. O garçom foi irredutivel.

Comentário de Elton John, mais tarde, depois de superada a irritação: "Não é uma boa ser marinheiro no Brasil"




ELTON JOHN NA PORTA DO COPACABANA PALACE,
SENDO BARRADO COM SEUS AMIGOS VESTIDOS DE MARINHEIROS






O Rio teve muito mais coisas para mostrar a seus visitantes ilustres, além do baile e desfiles. Entre os intervalos das festas Elton John, Rod Stewart e Peter Frampton passearam de iate, aproveitando o sol para esconder um pouco do branco mais branco que trouxeram de seus paises.

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